A EMOÇÃO DE VOTAR
- Carlos Reis
- 14 de ago. de 2010
- 3 min de leitura
Como as eleições estão aí, à porta, é bom ir se preparando para mais uma festa cívica. Aqui não vai nenhuma censura se você é arredio ao voto, nem ao seu hábito de votar, nem tampouco à sua maneira de se comportar diante da urna. Apenas faça o que todos eleitores fazem nestas ocasiões – relaxe e goze, mas, sinta isso intensamente. Sufrague com prazer.
O cidadão não pode deixar de saber que seu voto é importante para as instituições democráticas, para a sua solidez e permanência. Então, no dia aprazado, consigne o seu voto e escolha qual candidato(a) deve representá-lo. Não tenha medo. Vote para valer, como se fosse a última coisa que você faria.
Mas, como escolher? Como separar o joio do trigo, se é que há algum joio neste pleito? Nunca tivemos candidatos e candidatas tão bons e tão boas como neste ano. Como desempenhar o papel de cidadão para o qual você se preparou tanto nestes últimos anos? Eu sei que é difícil, que a gente fica nervoso, que corre um friozinho na barriga... a gente olha para o lado para ver se não tem ninguém olhando. Sabe, sempre tem alguém por perto que pode notar a sua emoção. Mas isso é próprio desse momento. Afinal, você esperou tanto para exercer o seu direito de votar como se fosse a única arma, dizem, que você tem. Então vote com emoção e coragem. Se não fosse pelo perigo de errar e ter o seu voto anulado, você poderia votar de olhos fechados, com convicção, sentindo e gozando aquele sabor de tarefa cumprida, de direito e dever exercido e, por que não, de fervor patriótico.
Lembre-se que esse tipo de eleição é apenas de quatro em quatro anos; que isso é muito tempo, embora às vezes pareça muito menos, para você decidir quem representará o país no concerto das nações.
Assim, faça a sua parte, a parte que lhe cabe neste latifúndio.
Confesso que escrevo essas mal traçadas linhas com muita emoção. Vocês não estão vendo, mas algumas lágrimas caíram por entre as teclas da minha máquina. Eu estou tão ansioso em votar para presidente, governador, deputado federal e estadual, senador, que quase começo uma moção popular aqui mesmo neste texto – igualzinha àquelas outras – para haver eleições todos os anos, e não apenas como na Copa do Mundo. Por que não sentir a mesma emoção de ser um Campeão do Mundo todos os anos?
Por enquanto, entretanto, vou ter que me contentar e me entreter com as pesquisas do IBOPE. Como todos sabem as pesquisas ajudam muito a gente escolher os candidato(as). O que seria de nós se não fosse O IBOPE? Hoje, por exemplo, vi os números indicarem um nome; que este nome disparou na frente, e é o meu nome preferido. Fico muito grato, imaginem o que isso poupa de dinheiro, de energia, e de tempo para eleitores como eu. A propaganda na imprensa é muito monótona – ela não deixa a gente saber realmente quem são os candidatos realmente bons – quais os seus programas de governo e de mandato parlamentar. Isso é fundamental em uma democracia e para as liberdades. Como se sabe, o preço da liberdade é a eterna vigilância. E vigilância e segurança é o nosso maior tesouro. Então, já que a propaganda é monótona eu deveria esperar mais dos comícios. Ali sim, os candidatos(as) podem dizer o que realmente pensam bem na nossa frente, ao vivo, sem assessorias e seus truques. Podemos testar as suas habilidades oratórias, seus recursos estilísticos, a sua verve. E também seu carisma. O desempenho de John Kennedy na TV americana é prova do poder do carisma.
O voto é secreto. Mas na hora de votar. Eleição é tão bom, que eu quero entusiasmar você revelando o meu voto:
Vou votar em Jânio Quadros, o homem da vassoura, aquele que vai limpar o país dos corruptos e vendilhões do templo; o homem culto que vai educar o país. Um homem que entrará pobre e sairá mais pobre ainda da política. Um homem sóbrio, que não se deixa seduzir pelos prazeres palacianos. O homem que acabará com a corrupção que construiu a NOVACAP. Um homem que não dará trégua aos comunistas; que os combaterá em todo o continente brasileiro e que impedirá que a peste da estrela vermelha de Cuba e de Che Guevara domine o Brasil um dia.
Charles London Sr, 1960
Comentarios