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PLANETA DOS HOMENS

INTRODUÇÃO

Não sei a melhor maneira de traduzir o que em mim se tornou uma obsessão intelectual desafiadora e deliciosa, nem talvez eu necessite de uma melhor maneira para expressar isso. Já tive outras aventuras intelectuais que me obcecaram, que atiçaram a minha curiosidade ao ponto do alheamento, da renúncia, do sacrifício. Mas nada se compara com a aventura em que eu estou envolvido agora. Começo com um não sei precisamente porque o mistério, a descoberta, e o fascínio pela revelação intelectual que assaltou e arrombou as trancas da minha segurança, e que aos olhos alheios invadiu a minha incolumidade psíquica, não são coisas que se apagam rapidamente da mente; da minha não. Essas maravilhas, como as chamo, me obrigaram a mudar ou rever alguns conceitos. Minha flexibilidade foi testada, e eu, cúmplice de mim mesmo, acedi. Cheguei ao ponto sem volta na minha nieztscheana transvaloração de alguns valores – entre eles, o maior deles, aquele que avulta do Sagrado, do Divino, que panteisticamente acusava a segurança da Grande Tradição –: de rever pontos de partida e compromissos meus e alheios, ideias que agreguei ao meu saber na vivência com minha mulher, companheira de todos os meus sonhos, e de amigos e conselheiros inigualáveis.

 

sistema solar

Tudo começou em 25 de dezembro de 2007: a minha família (eu não) testemunhou um UFO. Na noite de Natal! Pronto, lá estava eu de novo na trilha, no dia seguinte. Confesso que não me foi difícil, eu sou um trânsfuga terrestre assumido. E não tenho vergonha de admitir isso; acredito em UFOs e chego a ter pena dos céticos, coitados! Tais céticos, aliás, são como os ateus militantes: pavoneiam-se da sua própria ignorância. Afinal, um cético, como aquele outro, é sempre o último a saber. O próprio Monsenhor Conrado Balducci, falecido em setembro do ano passado, conselheiro de Ratzinger, Woytila, e outros sábios da Igreja Católica, afirmava que o testemunho humano não pode e não deve ser negado, que o próprio cristianismo baseia-se no testemunho humano. Religiões são fenômenos testemunhais; a ufologia só pode ser uma ciência testemunhal, ou não é ciência, pelo menos por enquanto. Com tamanha massa de evidências como um cético ousa por em dúvida o testemunho humano acumulado no tempo e no espaço?

 

Disco alado, símbolo de Nibiru – A mais antiga simbologia da Terra

A minha trilha, entretanto, me levou para muito longe, no tempo e no espaço, para um lugar a salvo dos piores e mais corrosivos céticos, e dos piores crentes também, e de todos os piores fanáticos decisionistas e suas receitas tipo viva assim!, pense assim!, não leia isso!, tira isso da boca, guri!, fecha os olhos! E as minhas buscas então foram de certo modo recompensadas.

 

E elas continuam. Por enquanto parei para descansar dos fatos e conexões nada ortodoxos (nada mesmo!); parei para refletir uma vez mais no fator extraterrestre envolvido na ufologia, algo que em mim não precisa mais do que um átimo de tempo para despertar de imediato a obsessiva curiosidade astronômica, geológica, antropológica, histórica, biológica, geográfica – algo que me faz retornar aos meus escritos de 10 anos atrás, ao meu e-livro virgem ainda no winchester (e ultrapassado), A VIDA EXTRATERRESTRE, onde está contada, com meu endosso, a Teoria da Panspermia de Hoyle, F.; Crick, J.; Arrenhius, S.; e outros. Na época eu me contentava em relatar a demonstração da existência de uma minúscula bactéria extraterrestre, ou uma arquea terrestre tão desprezível quanto suspeita em sua origem, capturadas miseravelmente em alguma armadilha tecida no espaço próximo, em um pega-cometa, coisa de astrofísico desocupado.

 

Eu, como não sou cientista, as catava nas publicações especializadas, e creio ter reconhecido algumas, em número suficiente para me convencer, já naquele tempo, que a vida não nasceu na Terra. E ler especialistas nas ciências afins me obrigava a ler também o pensamento da Igreja, suas encíclicas, seus contorcionismos intelectuais, e até mesmo a aceitação parcial do evolucionismo da parte de João Paulo II em célebre paper de 1991. Hoje estou recompensado, como disse. A vida extraterrestre em suas formas primitivas está para ser revelada a qualquer momento – há água na Lua, em Marte, em Titã, os cometas são blocos errantes de matéria orgânica e ninguém mais obsta isso. A Terra é um quintal cósmico, e dos mais mixurucas, e isso já não é mais ufologia.

Mas o preço a pagar para me fascinar pelo conhecimento atual das maravilhas da Natureza e da História que continuam a ser desenterradas das areias quentes do Iraque é enfrentar a solidão. Recolho-me diante da empreitada; investigar aquilo que os outros ocultam, parece ser a minha sina. Recentemente revi um velho filme sobre abduções. Na ficção, o médico psiquiatra que hipnotizava os supostos abductee era tentado pelo Governo e suas Forças Armadas a passar para o lado deles. O preço para isso era a revelação total do grande segredo. A recusa, o castigo por não aderir, a solidão. A solidão de Jeremias, por exemplo. Ninguém pregou tanto; ninguém advertiu tanto, contra o vazio, contra o mainstream, contra a ausência física de YHWH, mesmo constrangido pelo próprio “Senhor Deus dos Exércitos”, Jr 7, 1-20, como o profeta Jeremias. Nem mesmo Ezequiel que clamou e ecoou o grito do povo na rua: “YWWH deixou a Terra”, Ez 9,9, ficou tão só como Jeremias. Pelo menos eles tinham o consolo de serem nabi’n, profetas, mensageiros de YWHW.

 

E digo mais: enfrento minha solidão com a solidariedade tímida dos que me cercam; dos que me amam, que aprenderam assustados que não devem suspeitar das minhas suspeitas, da verossimilhança das minhas teses e daquelas que eu abraço. E quando suspeitam fazem um grande esforço para ocultar o desconforto – “o pai anda falando em Deus de novo” ––, sentencia meu filho; “da última vez ele escreveu um livro!”. E eis-me aqui: mas agora a tese não é minha, é de Zecharia Sitchin. Esse vovô de voz monótona, russo de nascimento, provavelmente um agente da KGB, no entender do Olavo de Carvalho, que há 30 anos mostra textos e gravuras mesopotâmicas com panteões divinos onde está gravada a história dos anunnaki no nosso planeta, a nossa própria história, é o autor da série literária Crônicas da Terra. Os “deuses” eram mesmo astronautas: Zecharia sabe de onde vieram, como se chamavam (ou se chamam), porque vieram de Nibiru, o 12º planeta, quando vieram, como criaram o homem, nós, a nossa primeira civilização na Suméria, e outros mais primeiros lugares em tudo o que se possa imaginar. As gravuras e os textos sumérios são entendidos como fatos históricos e não como mitos, que retratam extraterrestres ou deuses, como os chamamos, e a que fomos acostumados a desprezar –– deixando de acreditar nos colegas do próprio Deus bíblico, como aludi acima em Jeremias ––, é a virada mortal na ciência histórica da Terra e das vizinhanças celestiais e do homem. Chega-se ao ponto de se ler a Bíblia com lupa, medindo e pesando cada palavra, reclamando das traduções de má-fé, dos “erros” em cada falta de concordância numérica daqueles incompreensíveis el’ohin, em cada confusão na Personagem principal, que tem problemas evidentes e patológicos com sua identidade que os autores bíblicos a custo buscam ocultar no tetragramon. O Deus do Antigo Testamento tem um pathos inegável. Ali, nas vetustas páginas, onde cada manifestação de ciúme henoteístico, monoteístico ou monolátrico é apresentada retroativamente ante pós facto, por homens notáveis, tão nobres nas intenções que se dispensam de credenciais para falar em nome do Altíssimo Oculto, encontramos na releitura um dos fundamentos da tese de Zecharia Sitchin.

 

(anu nna , os de Anu --- anunnaki, anu na ki, os de Anu na Terra)

Ah, se eu pudesse ler em hebraico, uma língua semítica como a acadiana, muito próxima da língua sumeriana! Assim me encontro, assim me pego lendo, rato de Bíblia, crente de seus personagens reais. Quem diria!

No Gn1, relido, uma cascata de revelações deu novas cores às minhas imagens e memórias infantis, aos meus antigos temores de Deus. Temores que estavam abrigados no quente consolo da proteção divina (assim me induziram pensar e sentir) – o meu anjo da guarda do meu quarto de criança foi emblemático disso –, um anjo esquecido, perdido para sempre, que agora é malac’hin, e com ele toda uma longa e afetiva série de lembranças que me fizeram sentir um dia que eu era de Deus, e de repente...

 

E de repente eu sou de Enlil e de Enki, filhos de Anu. O impacto disso é enorme. Natural a ocultação pela Tradição dessa existência usurpadora, para todo o sempre transformada em ídolo, logo inofensiva e inexistente aos Redatores. E aqui começam as grandes controvérsias. E, acreditem esse impacto é verdadeiro e concreto para mim agora, mas também é assim para muita gente – uma legião de desafiadores –, gente que está disposta a acreditar realmente, de forma concreta nos deuses, el’o'him, conhecendo-os intimamente segundo nos é possível saber nos textos cuneiformes, e pasmem, até na Bíblia!

Quem é Zecharia Sitchin? É um gnóstico? Um ateu materialista? Um ofensor público perigoso? O seu material é ruim? Por acaso é falso? Acalmem-se! Zecharia pode ser desmentido. E digo mais, deve ser. Ele é desmentível, falsificável, como diria o Popper. Difícil é desmentir o estabelecido, o consagrado. Ele pode estar em erro, e está muitas vezes. Até eu, seu leitor recente, percebo algumas incongruências na sua grande síntese histórica-antropológica-cosmológica. Nem poderia ser diferente. Imaginem aceitar de um historiador, um perito em línguas e escrita cuneiforme, um velho de 89 anos que lê a Bíblia em meia dúzia de idiomas, incluindo o hebraico, o grego, o latim, o alemão, etc, a ideia que a história deve mudar; que ela deve retroceder inacreditáveis 400 mil anos, e tudo isso sem a menor incongruenciazinha! É demais. Fora com o Zecharia! Fora com o gnóstico! Fora com quem ousou dizer o(s) nome(s) impronunciável (eis) de YWHW!

 

O mais interessante é que ele nos manda ler a Bíblia. Ele crê nela, literalmente. Tanto quanto crê nos seus textos cuneiformes e hieroglíficos. A história antiga oriental é para Zecharia Sitchin uma delícia, um passeio. A Bíblia é o próprio Edin. Daí à Babilônia, ao Egito dos deuses-faraós, à Assíria do terror de Judá – tudo é um passeio. Tudo ele costura, tudo ele interliga, tudo ele interconecta. A sua história é uma impressionante síntese, com uma economia elogiável de deuses e panteões, reduzidos a pouco mais de meia dúzia, com correspondências de nomes, e ligado a eles, sempre o objetivo geopolítico mal escondido a ser alcançado por invocações e cobranças de lealdades e alianças ao longo de enorme tempo histórico, como a história de um certo povo escolhido.

                                                                                                                                                                                                         Onde somente se costumava ler a construção de um povo, o povo escolhido de YWHW, agora se vê o caminho, a lógica, o papel de Abraão. E nessa trajetória vemos o início e o fim de populações. O panteão sumério único, velhíssimo, verdadeiramente velho e real, de carne e ossos extraterrestres, composto de “deuses” que partilharam suas vidas com os homens, acompanhados por semideuses que estiveram ao lado dos primeiros humanos com grande vantagem, com grande longevidade, é apresentado por Zecharia Sitchin como composto de figuras históricas. O panteão é um só. É grego, sumério, egípcio, assírio, hitita.

 

Panteão hitita dos 12

Zodíaco de Dendera, Egito

São doze os Grandes Deuses, como doze são os signos do Zodíaco, doze são os Apóstolos, doze os meses do ano, múltiplo de 60, sexagesimal como os ponteiros dos relógios que marcam um tempo inacreditavelmente longo, na conta dos milhares de anos, anos não humanos.

 

Confesso que nunca dei importância para os deuses do panteão sumério. Tampouco me interessava por seus reis, apenas notava a estranheza da sua longevidade milenar daquela famosa Lista de Reis. Hoje os conheço pelo nome, e eles me parecem tão materiais quanto nós; tão espirituais quanto podemos ser – feitos à nossa imagem e semelhança. E não demorou e eu buscava por Deus, por YHWW, entre eles. Achei. Finalmente posso dizer e conciliar em mim o significado de povo de YWHW apenas para citar talvez o maior dos anunnaki. Ficou claro o mistério do estranho privilégio desse povo escolhido por um Deus pessoal, nacional, étnico, ciumento, muito ciumento, como em Ex 34,14. Ficou claro também o papel do Seu Filho, ungido, embebido em Bondade, Amor, Graça, Caridade? E era uma vez um Paraíso...

 

Por enquanto estou ainda no Paraíso. De novo o Genesis, a apresentação formal dos que dos céus desceram à Terra, os nephilin, e não gigantes, como a má-fé do tradutor (e traditore) se professa no texto sagrado. “Naqueles dias havia nephilins na Terra, e também posteriormente, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhe deram filhos. Eles foram os heróis do passado, homens famosos. Gn 6,4”.

 

Mas antes do paraíso, necessário se faz uma observação digna de nota: a aparente semelhança dessa história com a proposta gnóstica. Adianto agora que o gnosticismo não me assusta mais, pelo contrário, me atrai. Explico. Diante da enormidade da revisão conceitual, diante do fantástico e novo paradigma, o gnosticismo vira brincadeira de criança.

 

Quem o teme, neste passo, é criança, é infantil, se assusta com pouco, com anjos maus, guardiães, watchers, da tradição de Nag Hammadi, desenterrada rápido demais, traduzida rápido demais, sem par com a longa Tradição que absorveu 2 mil anos de história. Claro que o homem que se assusta com os gnósticos não sabe de onde vem o medo, a contradição em conciliar um YHWH aterrador, sedento de sangue, que desaloja povos de outros deuses para alojar recém-chegados da história, privilegiados escolhidos para desfrutar os verdes campos e as verdejantes colinas de Canaã, não parte do conhecimento, mas sim do desconhecimento das nossas verdadeiras origens. O gnóstico clássico vê apenas a ação sangrenta, incompreensível de YHWH, nessa ótica um genocida, como visto em Josué do Exodus. Ali transparecia aos velhos gnósticos esse deus minúsculo, somente poderoso na arte de matar: viram eles o Demônio, o Bem, o Mal, no mesmo pacote de libertação de um povo, o plano de encomendar e recomendar um só deus para toda a humanidade. E ainda o Redator desavisado dos gnósticos vai a escrever sobre Satanás...! Como culpar os pobres gnósticos com sua desconfiança em poderes tão arrasadores? Que sabiam eles de Zecharia Sitchin e sua meia dúzia de anunnaki dos quais herdamos a imagem e a semelhança? Que sabiam eles do Dilúvio, da Torre de Babel, da Criação no Paraíso da versão sumeriana? Como poderiam perceber personagens conflitantes e díspares, em papéis opostos, nesses dramas extraterrestres que já se plasmavam por escrito em textos 2 mil anos anteriores a qualquer escriba judeu mais antigo?

 

(Atra-hasis)

Como saberiam que o Pentateuco, em especial o Gênesis, é a história desses deuses e não da humanidade, do Adapa e seus descendentes, daquele que no Edin foi feito homem e mulher, simultaneamente, cujo modelo, aprovado pelo Conselho, foi dado como bom, e depois repetido, em série? Não conheceram o Enuma Elish, o Épico da Criação, de onde os autores bíblicos, que liam a escrita cuneiforme no seu exílio babilônico, extraíram o conto da nossa criação. Não leram o Atra-Hasis também, e assim deixaram de conhecer a fonte original da história bíblica do Dilúvio e conhecer pelo seu primeiro nome, seu nome mais antigo. Não sabem quem comandou a sedição de Babi’l, incidente conhecido como Torre de Babel. Mas os que conhecem esses textos sumérios não têm desculpa – são agnósticos por deficiência intelectual, por preguiça ou má vontade; por conformismo, por submissão ao consagrado. O gnosticismo virou fumaça.

Ressalvo aqui que falo dos primeiros gnósticos, anteriores a Cristo, à Igreja editora, ao cânone oficial. Não me refiro aqui aos silenciados por Roma e seus presbíteros ciosos do seu poder eclesial. Não me refiro aqui aos que, de má-fé, bem posteriormente buscaram toldar a fé construída pela humanidade no Bem, pacificada no Amor e na Caridade de Jesus; inocentes crentes, fontes de concórdia e compreensão, mas ainda assim inocentes. Por isso não temo mais os gnósticos e me encho de compreensão para com aqueles que ainda vivem desse medo infantil. Devem temer Zecharia Sitchin e seu panteão extraterrestre, isso sim é medo real. Um medo tão grande que levará um século para humanidade atual o absorver – eis aí uma das razões do meu isolamento esotérico. Nós deveríamos estar acostumados com a pregação no deserto. Afinal, não é o que fazemos há décadas ao denunciar o socialismo, o comunismo, o totalitarismo que, não obstante isso, só faz crescer?

 

Mas Zecharia Sitchin não está sozinho. O que ele começou há 30 anos não se detém mais. É impossível frear o conhecimento acessível às massas. Não tratamos aqui de fórmulas matemáticas obscuras ou de conceitos filosóficos com alto grau de abstração. Ainda que os pressupostos de Zecharia Sitchin estejam fora do alcance do homem comum – e tudo parece estar fora do alcance do homem comum – a repetição dos fatos, a publicidade dos textos e das gravuras –: a estatuária, a arquitetura monumental, a glíptica, a arte pictórica, e as próprias milhares de palavras gravadas no barro mole com estiletes nas duas centenas de milhares de tábuas já desenterrados, garantem que é próspera a informação que somente agora nesses últimos anos se começa a interpretar.

 

Lista de reis e cidades de antes do dilúvio Babilônia, 2000-1800 AC

As implicações para essa nova era são enormes. A era do Aquário, que ninguém ainda é capaz de dizer se é boa ou má, está para começar. Seguindo Peixes, o Cristianismo, ela apenas com certeza sinaliza uma mudança. Aqui vale ressalvar o que se chama Nova Era, New Age. Esse particular é velho conhecido nosso. Desconfiamos da Nova Era e seus mentores. Mas mesmo ela não é absoluta – resta nela 1% de verdade, o que é muito nessa quadra de ignorância da humanidade. Zecharia Sitchin está neste 1%, por certo. O conhecimento que ele produz vai levar um século para pegar, quase no momento de mudar o signo. Os anunnaki trouxeram o zodíaco com eles, por isso se entende o domínio sumeriano da astronomia. A astrologia é um subproduto, e posterior. Mas por ora deixemos esse ponto de lado e nos concentremos nas consequências do ateísmo militante ignorante.

 

Os detratores do cristianismo são tantos e tão poderosos, que nada mais vale a pena que atacar a horda ignara: apenas saibamos atacá-los onde eles são mais vulneráveis. A crítica ateia é burra e cega, mas ela não será derrotada se não soubermos onde colocar nossos argumentos, para onde dirigir nossas baterias. Se Zecharia Sitchin nos deixa a pé, revelando a face de Deus, o Deus conhecido, regular, tradicional, ainda assim ele não impede que nós continuemos defendendo os bons propósitos da Fé cristã, porque não há contradição entre os deuses extraterrestres e nossa Fé oriunda deles, ou de um deles em especial. Aqui não se cria um vício de origem insanável para a fé cristã, como andei lendo. Quando muito se faz necessário achar um lugar para Jesus, também nascido de Adonai, El’oh’im, YHWH, anunciado por um malach’in na casa de David, um Filho de Deus prodigioso que deu origem a 2 mil anos de história, assim reza a tradição. E esse lugar Zecharia Sitchin achou; basta ler todas as Crônicas da Terra e seus desdobramentos. Os argumentos bons existem; contra eles os materialistas comunistas nada podem fazer – ficam sem discurso. Os tenho lido, a propósito. Chega a dar dó ver toda aquela parafernália racional se esboroar diante do espiritualismo vivo dos profetas. Chega a dar dor de barriga de rir vê-los se matando para detratar Deus nos seus termos vulgares. A única coisa preocupante é que eles têm leitores, muitos leitores. Têm doutores e mestres na arte sofística, na arte barata da mentira e da desinformação. Mas eu rio deles: eles não sabem o que eu sei.

 

Zecharia Sitchin despertou em mim o conhecimento profético, a intenção da Bíblia tardia, pós-1o Templo. São 300 anos (do século IX ao VI AC) em que os maiores profetas, mensageiros de Enlil, agem como retificadores da moral, da justiça, como reclamantes em nome de Deus. Ouso dizer que são maiores que Deus, o Deus que se lhes apresenta, em fogo, em carruagens de fogo, em nuvens, na sua misteriosa Glória. Um parêntese. Em hebraico, glória se diz kavod. Segundo Zecharia Sitchin kavod é um objeto pesado. A “Glória” de Deus vista por Moisés (Ex 33, 18-22), por Ezequiel (Ez 1, 1-28), é pesada, barulhenta, faz fumaça e assusta. Não seria aprovada hoje por nossos padrões exigentes antipoluição. Ainda em Ezequiel (Ez 43, 2-4) a “glória” de Deus entra (voando) pela porta leste do Templo. Em todos esses casos, e em algum momento, a tradução capciosa deixou muito longe o sentido original da estupefação que tomou conta de ambos, Moisés e Ezequiel. Eles viram a “glória” de Deus muito de perto – e ela era muito mais do que uma abstração como o substantivo denota. Em uma palavra, a “glória” de Deus era uma nave! Diante da “glória” de Deus, de um Deus que se afastava e reclamava que maldizia e aterrorizava; mas que se fazia ausente do povo e dos seus clamores de medo, e ainda assim permanecendo na sua invisibilidade terrivelmente mortal e poderosa, os profetas lhes eram superiores. Quando chegamos ao século VI AC, o primeiro século inteiramente humano, sem a influência e a presença dos deuses anunnaki, o discurso profético se assemelha à filosofia, à construção da ética, em um olhar para a alma humana e a criação do Espírito. Vive-se para o homem. É época do primeiro humanismo que o planeta Terra conhecerá. São muitos os grandes homens desse século. Todos são individualistas e criadores da responsabilidade pessoal; todos estão conscientes da culpa humana. Em suma, diante de um Deus enfraquecido que abandona seu povo à sorte de outros deuses condutores, cresce a importância do profeta, que agora fala por si, fala muito, prega muito, ninguém o ouve, e muitos querem matá-lo, como fazem com Jeremias no ano do abandono, 586AC, o ano em que os deuses deixaram a Terra.

 

Enki e Enlil

Sir Lawrence Gardner nos lembra de que esse século vê “nascer à responsabilidade individual e a busca para restaurar no povo um sentido de relação com Deus. Era um tempo de desintegração nacional no momento em que a organização religiosa (templo) e social era máxima”.

E esse é o exato momento da criação literária do texto bíblico. Esqueçam a tradição antiquíssima do Moisés redator; aquela vetusta forma não mais se sustenta. Moisés fez algo muito mais espetacular do que escrever uma Bíblia (procurem em Serabit El-Kadin, no Sinai). Olhem para o exemplo sumeriano ou babilônico: ali está a origem literária da Bíblia, que nasce de diante para trás em um mundo povoado de deuses, que aglutina muitos deuses criadores, os irmãos Enlil, Enki, Ninharsag. A Bíblia sustenta uma singular monolatria absurdamente plural que o vernáculo em hebraico, el’o’him, não ousou reparar, e o tetragrama impronunciável tentou esconder. O Redator quis nos induzir a acreditar que há um só deus. Mas não há somente um: a própria Bíblia cita uma dezena deles. YWHW é um ser ciumento, zeloso, em uma das bíblias que tenho em casa e em português. Ele representa isso e troca identidades segundo as conveniências sociais e políticas.

 

É YWHW/el’o’him no primeiro instante; foi El Shaddai diante de Abraão, Isaac e Jacó; e quando se ausenta do povo, para este é El, o seu primitivo nome para os caananitas, o nome mais popular que já teve. Mas Deus não se deixa apresentar em imagens, não tem vida pública, nem tem mulher. Não parece um homem velho, com barbas brancas, bondoso, como El. Mas trocar uma figura dessas por outro mais jovem, mais forte, mais vitorioso militarmente e, portanto, mais assustador, como Marduk (Bel) que inspira Nabucodonosor, faz o povo pensar em romper a aliança muito velha que só encontra falsos defensores, falsos profetas, que dizem que tudo está bem, mas não está...

 

É hora de conhecer esses deuses, motivo do ciúme de YHWH. É hora de conhecer os el’oh’im como a Bíblia os “começa” chamando. No Genesis, que eles dominam, são pelo menos quatro: Anu, o pai de todos; Enlil, o Senhor em Comando; Enki, o cientista-chefe, Senhor da Terra (ou Ea, Senhor das Águas, nos textos sumérios mais antigos); e Ninharsag, meia-irmã dos dois. O Gênesis é sumeriano. O texto onde se encontram os seus nomes são o Enuma Elish, o Épico da Criação da Terra e do Homem; o Atra-Hasis, relato minucioso da saga heroica do semideus Utnapshtim (na língua acadiana, mais antigamente Ziusudra, na língua suméria, ou ainda Noé do texto bíblico).

 

Neste épico conta-se pela primeira vez para os homens a história do Dilúvio, ocorrido por volta de 11 mil AC. Outro texto é a Epopéia de Gilgamesh, a mais antiga obra literária da humanidade, relato heroico do semideus, dois terços extraterrestre, um terço humano, rei de Uruk (a Bíblia a chama de Erech), hoje reconhecido como figura histórica. Há ainda outro texto sumério menos conhecido, o Erra Epos, relato da destruição nuclear de Sodoma, Gomorra, e outras cinco cidades em Canaã.

 

Os el’oh’im criaram o homem à sua imagem e semelhança no paraíso do Edin para que o homem trabalhasse  para  eles. A  palavra  trabalho,  avod,  que às vezes é traduzida  no seu segundo  sentido  como

Gilgamesh 2/3 divino 1/3 humano

adoração, revela o motivo da criação humana: o serviço dos deuses, na mineração de ouro, labor que  começa no planeta em tempo tão remoto quanto 432 mil anos atrás (... e 120 anos foram os seus dias, Gn 6). Nem o homo sapiens existia quando os nephil’in (anunnaki, em sumério) chegaram à Terra vindos de Nibiru. Curiosamente, surpreendentemente, conhece-se uma mina de ouro com idade de 100 mil na África do Sul – a mina da Caverna do Leão, ainda existente.

 

É a atividade “humana” mais antiga que se conhece. O próprio homem-macaco que errava sem rumo pelas planícies africanas neste tempo nada tinha a ganhar com a mineração do ouro. No entanto, a mina está lá; as datações garantem a antiguidade do empreendimento. Os Rockefeller não se enganariam nisso! Sabem disso desde 1974. Trabalhar é adorar. O homem foi colocado no Edin para trabalhar para os el’oh’im. Antes foi criado em laboratório por cientistas que tinham tecnologia para viajar milhões de quilômetros desde o seu planeta distante. Não posso contar aqui e agora como foi isso; como o homem foi criado do “barro”, do “sangue” e feito homem e mulher.

 

Então disse Deus: “Façamos o Homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” Gn 1, 26

 

Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher (macho e fêmea) os criou. Gn 1, 27

 

Adão ou Adapa nas mãos de Ninma ou Ninharsag

Quem é Enki? Zecharia Sitchin o aponta como a serpente do paraíso. A “parte” boa para os homens desde Adão. Mais do que isso: é pai de Adão e de Seth, com Eva. Aquele que tem a idéia de nos criar. Aquele que nos salva do dilúvio. Aquele deus que se “arrepende” no Gênesis. Enki ou Ea, nas tábuas sumerianas é o deus da água fresca: Utu é o deus do sol. Ambos trazem água fresca e vida ao Dilmun, um processo sugestivo do mito da Creação,

                                                                                                                                                                                                                                                              Gn

2:6. O mito sumeriano especifica que Ninharsag deu nascimento aos seus filhos e sem dor. Isto contrasta com a maldição de Deus sobre Eva que tem que dar à luz com dor. A luxúria de Enki e seu hábito de comer plantas sagradas no Edin, depois que ele é amaldiçoado por Ninharsag por tê-la tentado seduzir, ecoa o mito de Adão e Eva comerem o fruto proibido no paraíso. No  mito sumeriano uma das partes doentes do corpo de Enki que Ninharsag cura era de sua costela. Ninharsag logo dá à luz Nin-ti (a Dama da costela), um motivo que também ecoou no mito bíblico de Eva, que foi feita a partir de uma costela de Adão.

 

Notem que o momento da criação da mulher é posterior ao homem e mulher, o modelo, o molde (o Adapa sumeriano, talvez o Adão bíblico) criado. O mistério da androginia se dissolve no evento da serpente (Enki), ousada ao ponto de desmentir o irmão Enlil. Como um gnóstico interpretaria o quadro todo? Um Deus mau (Enlil) expulsa Adão e Eva. Um Deus bom (Enki), que antes tinha criado por seus ofícios de cientista o lulu amelu (o trabalhador primitivo), se contrapõe a Enlil que proíbe o homem de comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Ledo engano gnóstico: não se tratavam dos mesmos deuses! Adiante, antecedendo o Dilúvio, Enki, contra a vontade de Enlil, salva Noé e a descendência humana. O texto Atra-Hasis conta isso em detalhes. Mas na Bíblia tudo se passa como se Deus tivesse se arrependido de exterminar o que criou. É bom lembrar que os próprios “deuses” ficaram horrorizados com a devastação da Terra – todo um trabalho de mais de 400 mil anos desapareceu; eles mesmos quase pereceram. E é óbvio: eles não provocaram o Dilúvio, evento de natureza cósmica. Mas voltando à singularidade impossível, outro caso se dá no momento da Torre de Babel. O Conselho anunnaki resolve impedir que Marduk, filho do deus Enki, construa o zigurat com que ele poderá se alçar aos céus.

 

A árvore da vida? Enki e Enlil?

Dilúvio assírio

O incidente em Gn 11, 7 “Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros” está intercalado entre duas genealogias e soa deslocado. No entanto, a rivalidade dos dois irmãos Enki e Enlil, se propagou nos seus filhos, determinando o destino dos homens e deles mesmos. O caso da Torre de Babel é um caso de política e poder, que costuma resultar em perda ou ganho para alguém. Marduk por ora perdeu. O Conselho dos 12, que o Autor bíblico omitiu, venceu. O ano é 3.450 AC. Como desde 3.450AC? Quando Anu desceu à Terra e consolidou o Reino dos homens em Uruk (Erech da Bíblia), ou ainda, dos últimos semideuses, ele deixou um calendário. O ano era 3.800 AC e esse calendário é exatamente o mesmo calendário judeu usado até hoje.

 

Então era mais apropriado um calendário para uso humano - não bastava mais para as necessidades humanas o calendário zodiacal próprio para quem se desloca no espaço, para quem usa rotas de navegação e, principalmente, para a contagem do tempo do poder. Que homens primitivos se interessariam por constelações como Orion, estrelas brilhantes como Sirius, ambas presentes na história egípcia há mais de uma dezena de milhares de anos?  Qual a necessidade de um zodíaco? Para plantar, como dizem arqueólogos ingênuos?

 

Marduk (Baal,Bel; Amon-Ra, no Egito), o usurpador; filho de Enki (Ptah, no Egito)

Mapa de Nippur, cidade de Enlil

Uma perda de território em 2024 AC leva Enlil a recrutar o sumeriano, o nipuriano Abrão (depois Abraão), filho de Terá, sacerdote-astrônomo do templo de Enlil em Nippur, cidade vizinha de Ur. Um ibru, ou hebreu, como dizemos hoje, era todo aquele que nascia em Nippur.

 

Abraão fundará o povo de Enlil na hora em que ele achar melhor. Israel, que ainda não existe, ocupará as terras ocupadas da maldita Canaã. Desde o início da Bíblia ela é a amaldiçoada Canaã. Em seu plano miraculoso Enlil já tinha traçado o destino de Canaã e seu inditoso povo que adorava um tal de Baal, um deus nada decadente na memória canaanita, mas que é elevado gradativamente na Bíblia à categoria de grande adversário de YHWH, aquele que despertava a maior ira de YHWH.

 

 Assim a Bíblia nos faz supor. Entretanto, Baal, Bel, seriam outros nomes do poderoso e temível Marduk (conhecido no Egito como Ra, quando esteve no exílio, Amon-Ra, o Ra Oculto), razão direta da necessidade de se criar um povo escolhido por Deus. Enquanto isso o resto do poderoso panteão  recebe  tratamento  descuidado  na  Bíblia:  Marduk e Nabu (Is. 15:2; 46:10), pai e filho, são

citados sem nenhuma glória; Ishtar ou Inana, neta de Enlil, merece uma pálida citação Jr 7, 18, e a esposa terrestre de Marduk, Serpanite, e Nergal, filho de Enki, 2 Rs 178, 30, nem se fala.

 

Mas os monumentos em pedra, e uma estela em particular, teimam em registrar o incômodo domínio de Inana/Ishtar e seu irmão gêmeo Shamash (Utu), a divindade nacional dos moabitas, o que a própria Bíblia, 2 Rs 3, 26, se obriga a ecoar. Os textos sumerianos, em contraste, falam em milênios de poder dessa deusa de Uruk. Ishtar fará longa carreira mitológica: será Astarthe, Astarot, na Índia é mostrada sensualmente com uma cintura fina; na Grécia será Afrodite, Isis no Egito, Venus em Roma. Casará com Sargão (Sharudin), aquele que foi salvo das águas do Eufrates em um cesto. Ué, este não foi Moisés?

Sabemos mais sobre Abraão, entretanto. Isto é, ele não era um pastor de ovelhas como a Bíblia quer nos fazer crer. Um pastor de ovelhas não seria recebido na corte do Faraó; tampouco o faraó o acolheria por cinco anos e lhe daria armas, camelos, uma força-tarefa rápida para ele participar na sua missão na Palestina: impedir o avanço das tropas de Nabu, filho de Marduk, que afinal acabou vencendo e obrigando o Conselho dos 12 Deuses a acabar com a região toda usando sete artefatos nucleares. O incidente é fundamental na história humana e "divina" por conta dos efeitos desastrosos sobre o clima que envenenou e destruiu a civilização sumeriana. Mais razão ainda tinha Enlil para ter um povo que trabalhasse somente para ele, que adorasse somente ele, que guerreasse somente por ele. 

Baal

A história da destruição atômica da Suméria pelo Vento do Mal por volta de 2023 AC é contada em detalhes no épico Erra Epos, o qual conta os nomes dos autores do holocausto nuclear: Ninurta e Nergal, filho de Enlil um, filho de Enki, outro.

 

Vento do mau

Sodoma

São notáveis os Lamentos sumerianos (estilo literário que a Bíblia copiou posteriormente), que em textos babilônios posteriores relatam a morte lenta das cidades, uma por uma; a fuga desesperada dos deuses, do povo alertado para buscar refúgios subterrâneos. Uma deusa anunnaki morre, é Bau (Gula), esposa de Ninurta. Estatuetas do seu cãozinho favorito foram achadas nas escavações de Lagash. Ela era gigantesca. Gula ou Gola, é grande em sumeriano.

 

Nas colinas de Golan viveram os gigantes bíblicos do livro de Josué, e do Deuteronômio. Nascida em Nibiru, seu crânio é descomunal, assim como suas descendentes como a deusa Puab'i. A destruição radioativa deixou intactas as cidades, apenas lhes tirou a vida. Outra morte anunnaki somente a de Dumuzi. Esse evento monumental na história humana recebeu apenas uma pálida nota na Bíblia quando Abraão contempla a devastação fumegante de Sodoma, Gn 19, 27. Este incidente geopolítico é a primeira guerra mundial da história. A Bíblia a chama Guerra dos Reis em Gn 14, 8. O que ela não diz é que os reis canaanitas trocaram de lado, preferindo Marduk. Mil e quinhentos anos depois, novamente, ele está no caminho de Enlil.

 

Mais adiante Abraão fez de Isaac, seu segundo filho, da estéril Sarah, seu sucessor, confirmando o costume anunnaki de privilegiar o fruto da união de dois meios-irmãos, sempre segundo a linhagem feminina. Enlil, apesar de ser mais novo do que Enki, é o sucessor de Anu porque era filho de uma meia-irmã de Anu. Ismael, apesar de ser mais velho do  que Isaac não era fruto de Abraão e sua meia irmã.

 

Parece que a linhagem materna é importante até para humanos ou meio-humanos. Pouco sabemos sobre Terah, o pai de Abraão, a não ser que ele era um alto sacerdote do Templo de Ekur, em Nippur, homem da confiança de Enlil. Terah morreu com 205 anos, o que prova que era pelo menos meio-humano, meio-divino. Se fosse filho de um casamento consanguíneo seria 2/3 divino, como Gilgamesh, filho de uma deusa. Enlil não quis arriscar. Deve ter feito essa escolha e ter achado que ficou bom.

 

Deusa Gula e seu cão

Neste instante em que Abraão entra em cena começa o poder de Marduk e seu filho Nabu - os nomes teofóricos como Nabucodonosor, Nabupolasar, prestam homenagem ao filho de Marduk. Ele está por trás de Hamurabi, o maior rei babilônio da história. Cresce a Babilônia (e agora Marduk finalmente constrói seu zigurat usando Hamurabi). Por um golpe do destino o império não dura muito: o filho de Hamurabi é derrotado pelos hititas que prendem Marduk (sim, o próprio, não a sua estátua! Algo incompreensível para um historiador tradicional)! Decresce a Babilônia, logo invadida pelos cassitas que resgatam Marduk, embora não lhe devolvendo o poder! A casa de Enlil consegue segurar a oposição do filho de Enki, através de Ninurta e Nanar/Sin.

 

Ashur (Anu) dos assírios

Mas um tempo muito grande decorre entre a aliança com Abraão e um novo contato mais imediato de Deus. A Bíblia preenche esse tempo nos falando da descendência de Jacó e José no Egito, a fome em Canaã, o poder do faraó até o fim do cativeiro que dura 400 longos anos. Depois é o Êxodo e o caminho sangrento com Josué nas terras caananitas de El, uma divindade misteriosa e antiga que o povo seguidamente confundia com YWHW. Ainda depois é assim com o Reino de Israel unificado das Doze Tribos com David e Salomão. Mas o Reino dura pouco. Um novo poder cresce na Terra: os assírios. É o primeiro grande teste do povo escolhido por YWHW – é o primeiro grande teste de Enlil também. Tem ele a primazia sobre Marduk?

Ashur, como Anu é chamado pelos assírios, respeita "o povo escolhido" por seu filho Enlil?  Na era dos últimos profetas, editores, e redatores, Enlil desanima – o Impronunciável abandona Jerusalém, o Templo, e a Terra. A história aguarda por Ciro, o aquemênida, amigo de Enlil, aquele que autoriza a construção do Segundo Templo por Esdras e Neemias, uma sobrevida inferior que encerra a antiguidade em que os deuses não eram estátuas, mas sim de carne e osso e viajavam em glórias de fogo. Mas até as glórias de fogo se extinguem e se sucedem.

 

Enli, Senhor do Comando, filho de Anu; YWHW, na Bíblia

Começa a religião para a humanidade. Até então tínhamos ritos sacerdotais como apontam as fontes P no Templo. Um Templo vazio enseja o poder sacerdotal, como a Igreja corrupta dos nossos dias. A religião parece nascer da ausência física dos deuses; é provocada pelo vazio. Mostre-me uma teofania e eu acreditarei. A fórmula de convencimento de poder que Moisés aprendeu no Sinai é cada vez mais rara. Somente nessa rarefação do contato, da experiência pessoal, nasce a espiritualidade e a maturidade para o Bem. Não é mais trabalho ou adoração, é devoção a partir de dentro da alma recém descoberta (no Ocidente as coisas demoram a acontecer). Esse é o instante que o monoteísmo se consagra ou pelo menos se encaminha bem. Para isso os deuses tiveram que partir. Por isso foi necessário transformar as casas em templos duradouros.

 

Lembramos aqui Moisés e Akenaton, ambos monoteístas. Para alguns (Freud foi o primeiro) trata-se da mesma pessoa. Moisés em paz com  Amon-Ra (o Ra Oculto, o nome egípcio de Marduk) e com YWHW, pôde desenvolver a idéia henoteísta. Isto é, a co-existência de deuses. Em uma síntese estratégica Enlil garante-se no poder no deserto e em Canaã, é o que pode fazer e ter. Em um segundo momento desenvolverei a controvérsia entre Moisés ou Akenaton. Por hora fiquem com a imagem gigantesca do primeiro monoteísta Akenaton.

 

É momento também de redefinirmos o politeísmo. Segundo Zecharia Sitchin foi Marduk quem criou o politeísmo pagão. O prova a sua consagração como o Todo Poderoso da Babilônia. O panteão que ele apresenta no primeiro festival anual como líder inconteste dos anunnaki está completo: lá estão Anu, Enlil, Enki, os filhos, os primos e primas, as esposas até completar 12, o número dos membros como manda a lei de Nibiru. Isso é politeísmo.

 

Zigurat, a morada eterna dos deuses

Quando o poder surge da cooptação e do constrangimento de um Conselho dominado e resignado, que se transforma em legitimador de uma espécie de democracia divina, o que nós conhecemos como demagogia populista, proselitista, podemos falar em politeísmo pagão. Esse foi o caso preciso do Usurpador, um dos epítetos de Marduk; ele não só vulgarizou a astrologia transformando-a em festivais de adivinhos de uma astrologia barata, como seduziu as massas com ofertas, despojos, poder. Apropriou-se até do nome Nibiru. Premiou reis que pouco contribuíram com o gênero humano. Não foi à toa que YWHW passou o Antigo Testamento todo reclamando da infidelidade de Israel, uma idolatria insuportável para um ciumento. Ser traído por um Marduk, foi demais, até para YWHW/Enlil. Aliás, há centenas de milhares de anos que Enlil reclamava da humanidade, criação do seu irmão Enki e sua irmã Ninharsag.

Até isso está nos textos sumerianos: a mesma impaciência com os lulu amelu, os trabalhadores primitivos híbridos; os cabeças negras, os terrestres, barulhentos, ingovernáveis, que procriam como ratos neste planeta que gira rápido demais em torno do Sol. A queixa contra uma Terra cheia de gente, gente demais, existe até hoje.

O gigantismo aqui visto não é um exagero do retratista.

Naqueles dias havia nephilins na Terra, e também posteriormente, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhe deram filhos. Eles foram os heróis do passado, homens famosos. Gn 6,4.

 

A humanidade foi ensinada a acreditar que eram os homens os corruptos que a Bíblia cita, mas Enlil se queixava mesmo era da degenerescência dos anunnaki, da promiscuidade, da mistura. Marduk (ele próprio nascido em Nibiru) afronta o Conselho dos 12 casando com uma terrestre, Serpanit. A Bíblia registra o fenômeno: os filhos dos deuses cruzam com as filhas dos homens. Os igigi, aqueles que olham e vêem, descem para o casamento de Marduk. Enamoram-se das mulheres terrestres e não querem mais voltar. São deles as descendências dos gigantes falados na Bíblia que os exércitos de YHWH encontrarão em Canaã e que tem que ser dizimados. Também são os anjos da Bíblia.

 

Estátuas de Amon em Karnak

Então a Era de Touro (de Anu, Enlil, Enki) acabou. Depois foi a Era de Carneiro, de Marduk. E agora é novo tempo. Nem Enlil ousa desafiar esse tempo de Peixes. Um século VI AC espetacular desperta nobres homens: Zaratustra, Buda, Lao Tse, Jeremias, Sólon, Confúcio, Pitágoras, Isaías. Já desconfiávamos quando Enlil/YHWH se queixava dos odores enjoados da gordura queimada dos holocaustos e por uma última vez amaldiçoava Israel. O redator R apronta a edição final do Livro dos Livros. Agora é esperar pelo fruto doce da casa de David, pela linhagem materna que o Anjo anunciará. Agora é monoteísmo. Também obra de Deus, obra de Enlil.

 

Anjos, Guardiães 

ou Igigi

SEGUNDA PARTE

A CIVILIZAÇÃO TECNOLÓGICA ANUNNAKI/SUMERIANA FAZ-SE CONHECER

Quando eles chegaram à Terra esta estava coberta de gelo. Poucos lugares ofereciam condições de vida e de colonização. A escolha ficou entre a Mesopotâmia (entre rios, o Tigre e o Eufrates), o Egito do Nilo, e o Vale do Indos (Indos e Ganges, na Índia). A Mesopotâmia tinha óleo, uma saída direta para o mar, e era plana. Foi há 432 mil anos. Acharam ouro no Golfo Pérsico; 45 mil anos depois o encontraram no sul da África, no que conhecemos como Zuasilândia. Depois de 40 sars, equivalente a 40 x 3.600 anos, ou 40 órbitas de Nibiru em torno do Sol, 144.000 anos, os anunnaki de baixo escalão se revoltaram, se amotinaram. Enlil foi desafiado. Seu irmão Enki, porém, impede a morte dos amotinados e propõe a criação de lulu amelu, um trabalhador primitivo. Lembro que anunnaki é termo que se aplica ao baixo escalão (200 habitando fora da Terra, 600 aqui na Terra).

 

– que ele, o lulu amelu, suporte o jugo, que ele trabalhe.

 

O Épico registra esse momento. Enki cria o homem aproveitando o material já existente, um homo erectus. “A criatura já existe. Apenas colocaremos a nossa marca neles”. Os deuses, el’o’him, os três irmãos Enlil, Enki e Ninharsag, depois de várias tentativas vêem que ficou bom. Os deuses no sétimo dia comemoram o feito. Mas esse molde de homem (homem e mulher eles o fizeram) é estéril. Assim neste estado ele vai do sul da África para o Edin, na Mesopotâmia para trabalhar e guardar o jardim para os el’o’him. A Bíblia não diz que eles foram criados no Eden. Andam nus no Edin. São proibidos por Enli de comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Enki, na voz da serpente, cicia aos ouvidos da Eva recém criada que os frutos da Árvore não matam, ao contrário, que abre os olhos. Eva come. Adamu (Adapa) come. Enquanto isso Enlil interrompe o seu passeio na brisa e logo percebe que eles comeram da Árvore proibida por ele. Para Adamu e Eva a conseqüência é a percepção da nudez. De repente, perceber-se nu é conhecer a diferença entre o Bem e o Mal, ou perceber-se nu é ter consciência do sexo procriativo. É esta última opção que o misterioso texto bíblico oculta. Enlil não desejava a multiplicação; temia que ela ficasse fora de controle. E foi o que ocorreu. A Bíblia registra isso como “corrupção” da humanidade, quando a corrupção era dos filhos dos deuses.

 

Os anos passam voando, pelo menos para os anunnaki. Para eles 1 ano, ou 1 órbita de Nibiru são 3600 anos dos nossos. E logo chegamos ao dilúvio. O ano é 11 mil AC. Depois disso os el’o’him decidem nos ajudar. Introduzem a agricultura na Terra; nos ensinam várias artes e técnicas. Os reis, embora indicados das casas divinas, são humanos. Antes eram híbridos, semideuses, da confiança da família anunnaki. Eles nos ensinam matemática, astronomia, medicina. Aliás, a Bíblia omitiu, mas a humanidade descobriu o Livro de Enoch, onde se lê o imenso trabalho de aprendizagem que lhe foi ordenado. Nos ensinam a construir templos. Nos primórdios os templos eram literalmemte as casas dos deuses, onde eles comiam, bebiam, faziam sexo, e até tomavam bebedeiras. Aqueles surpreendentes enormes ciclos de vida dos patriarcas agora fazem sentido. Mais do que isso: só vivem centenas de anos porque não são totalmente humanos; são híbridos.

Como Noé (Utnapishtin, Ziusudra). As Listas de reis sumerianos, tábua WB-444, corresponde perfeitamente à cronologia de Berossus, historiador babilônio, e à Manetho, historiador egípcio-grego. Ambos viveram no 3º século AC. Manetho é o autor da palavra dinastia, para designar as listas reais, ou antes, de semideuses, e depois, muito depois, faraós. O Egito é apenas 350 anos mais novo do que a Suméria.

 

Ao longo de quase 40 anos Zecharia Sitchin escreveu e elaborou a sua tese histórica, a mais famosa e bem sucedida teoria histórica do nosso tempo. Ninguém como ele teve o mérito de levantar várias pontas do véu histórico que cobriam verdades ocultas, ainda que sagradas. Zecharia nunca se mostrou infiel à sua religião hebraica; nunca deixou de respeitar a fé de milhões de crentes ocidentais. Principalmente, ele, como ninguém, sabe da importância da tradição ocidental. Sua obra tem o mérito de revelar que a Bíblia é um livro histórico; que ela é mais do que uma coletânea de feitos heróicos e sagrados, mas uma fonte científica que pode ser entendida às vezes prima facie, às vezes de forma oblíqua, e que cada personagem que ali está retratada é importante. Acima de tudo, o criacionismo nela compreendido permite com a interpretação de Zecharia Sitchin acolher o evolucionismo. Aliás, Zecharia nada tinha escrito e a Bíblia descrevia a seqüência evolucionista. Eles convivem lado a lado, bastando que nós olhemos de forma crítica e tolerante, expandindo a nossa mente como se estivéssemos diante de um desafio de imaginação poética. Nessa visão abrangente a Bíblia completa o texto sumeriano, lhe dá um contorno “moderno”, nos aproxima dos velhos tempos e abre ao conhecimento o papel cósmico e histórico dos seres humanos.

WB-444 pré-diluviana

Nin Puab'i

Procura-se uma modelo para a Deusa Puab'i, de Ur

Em 2010 Zecharia Sitchin concluiu sua obra ao lançar There Were Giants Upon the Earth, Gods, Demi-gods, and the Evidence of Alien DNA.

 

Estela da vitória de Naran-sin no Louvre (capa do último livro)

Nesta última obra ele lança um destemido desafio ao Museu Britânico: que ele permita examinar o DNA de restos mortais guardados há décadas e achados nos Túmulos Reais de Ur. Entre os ossos está o da “rainha” Shu.ba.ad (Puab’i), assim erroneamente chamada pelo descobridor britânico Leonard Wooley em 1928. Zecharia Sitchin arrisca a sua reputação e toda a sua teoria ao afirmar que aqueles ossos não são inteiramente humanos, que um deles é anunnaki puro. O Museu desconversa e recusa o exame do DNA em uma postura típica da ignorância científica. Seria muito mais fácil fazer o exame e desmentir Zecharia destruindo a sua teoria. Mas...

 

Representação do funeral das Tumbas de Ur

Essa última obra serve para Zecharia Sitchin consolidar sua teoria, ajustando, apertando os parafusos, dado consistência científica ao que alega há mais de 35 anos desde a publicação do 12º Planeta, sua obra inaugural e best-seller nos Estados Unidos e no mundo. Zecharia Sitchin tem milhões de leitores em todo o mundo, todos dispostos, como eu, a mudar de paradigma. A consistência dos fatos, das evidências, das provas, torna essa mudança mais suave. Contra ela apenas os céticos relutam. Serão esmagados no devido tempo. Se estivessem apenas estribados em considerações de ordem religiosa, tais céticos ainda teriam credibilidade. Mas não, eles relutam em todos os campos. Como bons teimosos atropelarão toda e qualquer prova ou evidência dada pela teoria de Sitchin para se agarrarem aos seus cada vez mais indefensáveis pressupostos. Isso não é ciência, é obscurantismo. Se ainda, como disse, fossem os argumentos religiosos a lhes dar alento, compreenderíamos. Mas eles defendem interesses poderosos, alguns desses céticos fazem o jogo dos seus inimigos.

 

No final do século XVIII, na novíssima República dos Estados Unidos, os founding fathers não temeram nem recuaram em suas convicções na descrença no absurdo, no mundo milagroso criado pelos poderosos de então. Na verdade, um novo grupo poderoso tomava conta do mundo e precisamente se fundava por sobre a nova República americana. Entre eles estava Thomas Paine, que se notabilizou no ataque à mentira bíblica e à mistificação cristã, como dizia. Eram illuminati, inimigos da Igreja Cristã, e não estavam dispostos a dar continuidade ao fabuloso, ao milagroso, à manipulação religiosa. Chegaram no Novo Mundo americano, na nova República americana falando na existência de extraterrestres, que o Universo, na época, muito menor no imaginário humano do que hoje sabemos, abrigava outras vidas inteligentes. Para dizer isso tinham que ignorar os interditos da igreja cristã, em especial da Igreja Católica.

 

Essa constatação levanta uma questão muito importante, qual seja a da possibilidade de haver uma ligação ininterrupta entre esses illuminati e as antigas linhagens que por todo o tempo guardaram o conhecimento dos eventos extraordinários ocorridos há milhares de anos. Por exemplo, uma herança típica anunnaki foi a do Estado, a sua constituição e manutenção, e a sua composição. Outra herança é a dinastia de sacerdotes, iniciada ainda antes do dilúvio. A História convencional chama de teocracia o governo dos deuses, querendo dizer com isso uma sociedade que obedece a um Estado de origem religiosa. Mas a História não vai além de definir a teocracia como um Estado que é governado por homens que adoram deuses. Para a História deuses são mitos, e não realidades de carne e osso, algo que a teoria de Sitchin lhes joga na cara. Esse mito, é natural, compreende um poder de humanos em nome de deuses, e não um governo de “deuses” e semideuses em nome dos humanos. No último livro de Zecharia Sitchin fica claro que ele reclama dos “historiadores”, “arqueólogos” e “antropológos” e do paradigma atual, do qual não podem abrir mão sob pena de se desmentirem e se desfazerem em meros romancistas ficcionais. Sitchin os desafia: por que não fazem o exame de DNA dos restos mortais da “rainha” Puab’i encaixotados no Museu Britânico desde 1928? Sabe Sitchin que seus ossos não têm um genoma humano puro, que ela é uma descendente direta dos anunnaki – que seu título “rainha” lhe foi atribuído em erro – dever-se-ia chamar deusa Puaub’i. A palavra nin significa deusa, e não rainha. Wooley sabia disso. Mas como Leonard Wooley, no remoto ano de 1928, chamaria os ossos de um “mito”, de uma “deusa” anunnaki? Mas o desafio de Zecharia Sitchin é desconsiderado sob o ridículo pretexto que ele não representa a ciência mainstream! Será que alguém da ciência “oficial” se habilita? Ou os compromissos com a velha tradição judaico-cristã ainda valem a pena serem salvos e preservados da dissolução do nosso tempo? Aqui mora uma contradição insuperável: os que querem ver pelas costas a tradição judaico-cristã, são os mesmos que detém o poder de fechar, de olhar para o lado. Talvez Zecharia Sitchin tenha chegado muito cedo, atrapalhando planos dos illuminati.

 

Virado o paradigma, o mito tornar-se-ia realidade, e a ficção seria continuar acreditando que todos aqueles deuses do Antigo Testamento podem ser atribuídos a um descuido do(s) autor(es) e tradutores subseqüentes da Bíblia que teima(m) em manter a mentira monoteísta contradizendo o próprio texto. Essa questão importante é o próprio Antigo Testamento, base da civilização judaico-cristã. Se seus paradigmas não podem ser mudados por causarem um colapso na estrutura sobre a qual se erigiram a fé e as crenças ocidentais, juntamente com seus valores éticos e morais, então que assim permaneçam; que nada seja mudado – que todos aqueles que tentem mudar o pré-estabelecido mereçam o calor do Inferno. Essa História da tradição judaico-cristã nesse momento não se separa da fé nem das crenças religiosas. Separá-las seria fazer colapsar a estrutura em que está baseada. Mas uma nova verdade histórica está emergindo e ela não é nada boa para quem defende a tradição e não quer nem ouvir falar em anunnakis e sua inconfortável e impertinente presença na Bíblia. Então é hora de dizer claramente: a Bíblia, e em especial, o Gênesis, é um livro sumeriano que dá conta da presença extraterrestre que um dia aportou na Mesopotâmia, que fundou uma civilização após outra – sumeriana, acadiana, assíria e babilônia – e cujos restos arqueológicos inoportunamente teimam em aparecer sob as areias quentes do Iraque e adjacências. Mais ainda, o Autor bíblico não sabia o quê escrevia, ou se sabia, não hesitou em copiar a história, os “mitos”, e as lendas de criação de um povo dois mil anos mais velho do que o povo judeu, de um inacreditável Moisés do Egito, de uma mui improvável jornada de quarenta anos no deserto, de uma incrível aventura militar para derrotar gigantes de quarenta 40 côvados de altura. É essa tradição que tivemos que acreditar por força de um longo hábito de 2000 anos? Mas o momento chegou de se colocar em xeque tudo isso – as evidências, as provas, os fatos, mostram o contrário, que nada da tradição bíblica inicial se mantém em pé, exceto a fé genuína de milhões de seres humanos que usaram esse texto vetusto para balizar sua moral e sua ética. Eis o principal problema: como adequar a nova visão à manutenção da velha ordem moral judaico-cristã? Como fazer coexistir as duas coisas – a verdade histórica e a tradição que nos baliza?

 

A modernidade, no entanto, está fazendo isso. E nós reclamamos, ou, por outra, aqueles que querem manter a velha ordem moral, reclamam. E com razão. Eles dizem: qual é a nova ordem moral que se apresenta como substituta? Eles não vêem nenhuma. Tudo parece se destruir e nada se criar. É esse o exato sentimento que toma de assalto os mais ciosos da tradição. Eu mesmo, muitas vezes, reclamei dessa dissolução. Eu a via como manobra comunista, socialista, revisonista, relativista, e até gnóstica, pasmem! Alegre peguei emprestado discursos prontos que acusavam a New Age de promoverem essa dissolução. Hoje não penso mais assim. A velha New Age que iniciou ainda no século XIX era nada mais nada menos do que uma especulação aventureira, um tanto irresponsável quanto aos “valores”, e uma introdutora ou intermediária de crenças orientais, sabidamente ruins, por serem muito velhas, para a tradição judaico-cristã. Hoje, a New Age, ela mesma envelhecida e madura, abriga considerável parte do pensamento moderno. A ciência, sempre ela, do nosso tempo, a adota, parecendo não ter escrúpulos nem consideração com a velha ordem moral bíblica. A nossa juventude de hoje já bebe na fonte de outras gerações influenciadas pela nova ordem do pensamento. Os costumes de hoje não são mais o da tradição judaico-cristã. Temos que admitir isso, sob pena de batermos com a cabeça em uma parede e sermos chamados de “atrasados”, “desatualizados”, “demodés”! E o que faremos? Defenderemos o improvável Moisés? Sustentaremos o inexistente monoteísmo contra toda evidência? Sim, então nos prepararemos para o isolamento. Conhecer a história dos anunnaki no nosso planeta não é “sintoma” de New Age, é apenas mais um capítulo de um novo paradigma científico, moral e ético que ainda não se mostrou por completo, que ainda não merece para muitos o devido respeito, como um intruso recente que se prepara para dar ordens na nossa velha casa. Fora com ele! Esse é um sentimento de todo compreensível.

Isso é história, talvez não ainda para o nosso tempo, mas digamos, para cinqüenta anos, talvez vinte. Não mais do que isso, entretanto; a história, a arqueologia, a antropologia e toda a ciência correlata está em mudança neste sentido. Aos poucos se consolida um novo paradigma. A sua marcha é inexorável. Voltando aos illuminati da Nova República americana do século XVIII, vemos com clareza crescente a imposição desse novo paradigma científico e contra quem ele lutava. A constatação da existência de vida extraterrestre é hoje admitida em todos os centros científicos e até pela nova Igreja Católica, uma Igreja, aliás, pela qual eu não tenho o menor apreço, embora não por esse motivo. Em 2008 a Igreja Católica sinalizou para seus fiéis que a vida extraterrestre não seria incompatível com a crença em Deus. Para muitos, no entanto, essa sinalização é tardia, inútil e inconseqüente, pois a constatação já foi feita, a prova foi feita, e a verdade está na cara de quem que ver – há que se crer para ver. Hoje os modernos illuminati, os maçônicos, são admitidos na Igreja Católica – de velhos adversários viraram aliados. Há alguém aí que queira resistir ainda?

Uma palavra final sobre o gnosticismo. Aludi linhas atrás que o gnosticismo não mais me assustava. Era um medo infantil. Agora sei o que os gnósticos eram e não eram. Conheço suas origens e nelas nada vejo que os diminua. É um erro crasso imputar-lhes os males do mundo moderno. Tenho a convicção que os gnósticos do primeiro tempo, do tempo de um Valentinus, que quase se tornou papa, tinham uma visão correta do Antigo Testamento. Quando negaram aquele deus sangrento, rancoroso, ciumento, recusavam-no como um demiurgo, alguém que construiu o mundo pela metade, não o verdadeiro D... que deu origem ao Universo. Aquele deus, segundo os escriba judeus, e somente por eles, tinha dado origem a um povo escolhido por ele. Esse mesmo deus não poderia ser o verdadeiro criador do universo, que é impessoal, incognoscível e inalcançável pela mente humana. Desconfiavam os gnósticos, como poucos sabem, nascidos não antes do 2o século AC, e influenciados pelo pensamento budista, persa, oriental, que o deus do Antigo Testamento não podia ser o pai de Jesus. Cristo ou Jesus era de outra natureza, era benigno, verdadeiramente amoroso, nada violento e, principalmente, universal. Os primeiros católicos chegaram a intuir isso, para que tudo se perdesse ao longo da história do cristianismo. Os gnósticos, portanto, não podem ser culpados pela dissolução moderna do cristianismo e é uma estupidez imputar-lhes a danação do mundo.

 

O gnosticismo afirma que todo homem é imperfeito e sofredor. Isso não é pecado – não há pecado original na doutrina gnóstica. Daí não haver a necessidade de salvação, mas sim de cura. O homem é um ser sofredor diz o budista e diz o bramanista. Ele não é mau nem pecador. Não nasce devendo nada a não ser a sua dor e seu sofrimento. O salvacionismo não entende isso. Aliás, preferiu outra coisa: fazer-nos sentir culpados, até congenitamente. É essa doutrina salvacionista que precisa de devedores e de pecadores. Antigamente o Pai Nosso continha a frase “perdoai as nossas dívidas”. O Concílio Vaticano II resolveu abolir “dívidas” e substituí-la por “ofensas”. De alguma maneira o Vaticano ficou mais secular, traindo seus fiéis. Por que emotivo? Será por que assim ficava mais consoante o mundo moderno que admite cada vez menos o “pecado original”, a “divida” congênita?

 

Talvez os gnósticos do primeiro temo não soubessem nada da Epopéia de Adapa. Diz o texto sumeriano que Adapa (seria Adão, homem em hebraico?) foi levado à presença de Anu, em Nibiru. Antes, Enki (Ea), seu criador, o advertiu para que lá nada comesse ou bebesse. Adapa assim instruído, quando lá chegou, recusou a comida e a bebida que Anu lhe ofereceu. Anu, ultrajado pela desfeita, fez devolver Adapa à Terra, dizendo-lhe: tu serás sábio, mas não terás a vida eterna, pois recusaste provar do que te ofereci para beber e comer. Como o Autor bíblico (cativo por 70 anos na Babilônia) poderia deixar de saber dessa lenda lida e rezada por milênios em toda Assíria e Babilônia nos festivais anuais? Comer do fruto proibido é receber a imortalidade e não cometer um pecado. Quis o Autor bíblico introduzir uma condição, qual seja, um interdito, que, se violado produz culpa? Tal culpa era necessária para o papel de um salvador posterior, um messias, ou um christós.

A doutrina cristã arcou com seu próprio peso; deu mostras de fraqueza e corrupção, mostrando-se vulnerável à idade mais por conta de si mesmo, exceto pelo próprio Jesus, como doutrina de base temerária, do que por obra de alguém que se lhe contesta. Como tudo, ela passará. Ainda baseada na premissa do Velho Testamento, condenou-se ao desaparecimento que parece estamos testemunhando. Por outro lado, não é verdade que os cátaros, ou puros, fossem instrumentos do Mal e do Diabo como muito ainda se lê. O próprio diabo é invenção judaico-cristã. É difícil não ver nisso um meio de nos assustar, de nos meter medo. 

 

Por outro lado, que não se atribua aos gnósticos a inclusão do Bem e do Mal na mesma pessoa divina do Criador. Eles sabiam que não se tratava das mesmas “pessoas” – a própria Bíblia assim dava conta. Eram de fato Enlil e Enki (YWWH/El’o’him), irmãos do mesmo sangue, que compartilharam nossa criação e a nossa constituição propensa ao bem ao mal, características da mesma imagem e semelhança. Somos anunnakis. Os gnósticos pareciam saber disso e tentaram nos avisar com a sua doutrina. Salvem Jesus disso. Mas foram horrorizados e exterminados para que prevalecesse a doutrina cristã que se contorce para explicar a paternidade de Jesus. Da mesma maneira os anjos. A doutrina cristã e a literatura judia os adulteraram. A sua verdadeira imagem somente agora emerge São eles os igigi sumerianos, ou os Guardiães dos velhos textos apócrifos e dos pseudoepigrafa. Leiam o Livro de Enoch e entenderão a censura e a intolerância. A propósito desses, que não se diga também que foram escritos por gnósticos que negam a estrutura da realidade! Que estrutura é esta? Que real é este? Por acaso a conciliação dos dois El’o’him, antípodas em seus sentimentos em relação ao Homem, em um só Deus bíblico não é absurda? Que contorcionismo filosófico é este que nega o próprio texto em que acredita? Chega ser risível ver gente tida por culta e sabida avacalhar os textos de Qumram e os textos gnósticos de Nag Hamadi, este último um texto que proporciona um Jesus tão puro, direto, e oriundo de um Reino tão sublime quanto inimaginável: o Jesus do Evangelho de Tomé. Para os crentes na existência de uma estrutura da realidade recomendo fortemente a leitura do Gênesis. Mas tenham à mão uma versão em hebraico, por favor. Ficarão surpresos em saber como é tênue e fumacenta a tal estrutura da realidade.

© 2015 por Carlos Reis. 

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